A obsolescência programada refere-se à redução voluntária da vida de um produto pelo fabricante para aumentar o seu consumo. De acordo com a lei francesa, que pune essa prática desde 2016. A obsolescência programada é “o conjunto de técnicas pelas quais um profissional de marketing visa reduzir deliberadamente a vida de um produto para aumentar a taxa de sua substituição”.
Diferentes tipos de obsolescência programada
Um produto pode se tornar obsoleto por causa de novos produtos que são mais eficientes e mais lucrativos, e porque a sua substituição é mais barata. Para desenvolver as suas vendas, as empresas muitas vezes nos estimulam a renovar as nossas compras. E isso mesmo quando temos um produto similar em perfeitas condições de funcionamento. Quando a publicidade destaca novos recursos, faz um produto parecer mais moderno. Ou quando não existem peças de substituição ou o produto deixa de ser compatível. São as razões por que muitos produtos são substituídos antes de serem totalmente usados.
Defeitos funcionais
Quando uma peça de reposição não funciona mais, todo o produto se torna inutilizável. Nesse caso, se a reparação for mais cara do que a compra de um produto novo, logicamente, o produto antigo não irá ser reparado, mas substituído. O fabricante tem o poder de influenciar o preço de arranjo de um dispositivo, projetando produtos mais ou menos fáceis de consertar. Este é, por exemplo, o caso de produtos não removíveis ou com peças seladas.
Expiração programada
Alguns produtos, como os alimentos ou bebidas, têm uma data de expiração quando são considerados estragados. No entanto, é necessário conhecer a diferença entre o prazo de consumo e o limite de uso ótimo. De fato, em muitos casos, o produto permanece consumível após o último.
Por exemplo, um alimento além da data de validade ótima pode ter as suas qualidades diminuídas. Embora permaneça consumível e seguro para a saúde. As nuances entre essas datas podem fazer com que o consumidor descarte os seus produtos prematuramente.
Expiração Indireta
Este é um dos tipos mais comuns de obsolescência, alguns produtos se tornam obsoletos, enquanto ainda estão em perfeitas condições de funcionamento. Esse é o caso quando um produto não pode mais funcionar porque um produto consumível associado não existe ou não está mais disponível no mercado.
Um telemóvel, por exemplo, fica inutilizado quando a sua bateria ou carregador não está mais disponível para venda. Ou que comprar uma bateria nova não é economicamente viável. Alguns fabricantes chegam até a soldar a bateria ao equipamento, para obrigar o consumidor a substituir o dispositivo quando a bateria não funciona mais. Parar a produção de peças de reposição é uma poderosa alavanca disponível para os fabricantes. Optar por interromper a produção ou a comercialização de produtos associados (cartuchos, peças sobressalentes, baterias, etc.) complica a reparação, a ponto de a impossibilitar.
Obsolescência estética
Esta é a obsolescência criada por um efeito de moda. Quando uma empresa vende em pouco tempo, novos produtos, destacados nas suas campanhas promocionais, como mais eficientes. Esse método foi implementado na década de 1920 pelo presidente da General Motors, ao reservar os avanços tecnológicos que a empresa já tinha, para os próximos produtos comercializados alguns meses depois. Este método é chamado “Sloanismo” do nome do seu “inventor” Alfred P. Sloan. Também é conhecido como obsolescência psicológica ou obsolescência cultural.
Exemplos de obsolescência planeada
Em 2018, a Autoridade da Concorrência italiana condenou os dois gigantes que fabricam telemóveis Apple e Samsung a multas. Dez milhões de euros para a Apple e cinco milhões para a Samsung. Por deliberadamente retardar os seus smartphones de gerações mais antigas, por meio de atualizações de software. Para empurrar os seus clientes a comprar novos modelos.
A Samsung foi acusada de forçar os utilizadores a atualizar os seus dispositivos para a versão mais recente do Android. Mal suportado por alguns modelos, como o Galaxy Note 4, até não muito antigo. E isso sem avisá-los de possíveis consequências em termos de desempenho.
Quanto à Apple, uma atualização do iOS continha um novo recurso que retardava o desempenho máximo do smartphone se detectasse que a bateria havia perdido capacidade.
Alternativas à obsolescência programada
Como é frequentemente o caso com outras práticas que são “impostas” pelos fabricantes. Existem alternativas e armas para combater a obsolescência programada ! E a última palavra está com muitas vezes nas mãos dos consumidores :
Economia circular
A economia circular incentiva o uso de materiais biodegradáveis sempre que possível na fabricação de produtos. Para que eles possam voltar à natureza sem causar danos ao meio ambiente no final da sua vida. Quando não é possível usar materiais ecológicos. Como na fabricação de produtos eletrônicos, equipamentos de informática, baterias … o objetivo é facilitar uma simples desmontagem para lhes dar uma nova vida por exemplo, para compor peças novas.
Consumo Responsável
Adequadamente informado e consciente, o consumidor pode se concentrar em produtos de qualidade, que terão um baixo impacto ambiental ou até mesmo positivo. Da mesma forma, o consumidor responsável pode evitar as sirenes do marketing e optar por reparar os seus produtos defeituosos.
Repair Cafés
São oficinas organizadas a nível local, dedicadas a arranjar. Nelas podemos consertar um objeto, ajudados por voluntários com ferramentas disponibilizadas gratuitamente. Os objetivos dessa abordagem são de reduzir o desperdício. Preservar a arte de consertar objetos, repassar conhecimento, assistir famílias que enfrentam dificuldades financeiras e fortalecer a coesão social entre os moradores.
Comprar equipamento recondicionado ou usado
Uma alternativa real à obsolescência programada, a compra de equipamentos recondicionados ou usados. De fato, a cada ano, centenas de milhões de dispositivos eletrônicos ainda em funcionamento são descartados ou esquecidos numa gaveta. Em 2017, haveria em Portugal milhões de smartphones não utilizados. Muitos desses dispositivos ainda podem ser recondicionados e colocados à venda. No site asgoodasnew por exemplo, é possível comprar smartphones usados e outros aparelhos eletrônicos com 30 meses de garantia e 30% mais baratos que os novos.
Simplicidade voluntária, minimalismo ou redução do consumo
São conceitos políticos, econômicos e sociais. Segundo os quais o crescimento econômico e o consumo excessivo trazem mais incômodos do que benefícios para a humanidade. Eles se opõem ao discurso econômico e social dominante no século XXI. Que tende a considerar qualquer progresso técnico e desenvolvimento do consumo como melhorias na qualidade de vida. A crítica da sociedade de consumo desenvolvida por Hannah Arendt em A Condição Humana também pode ser considerado como uma fonte de inspiração para a simplicidade voluntária.
Combater a osolescência programada
A obsolescência programada é um problema ecológico. O consumo excessivo cria um excedente de desperdício. Independentemente do estado de funcionamento dos produtos colocados no lixo ou do estado de desgaste dos objetos. Circuitos de reciclagem ou de re-embalagem para plásticos e metais. Em particular, não suportam o armazenamento de resíduos de computadores. Apesar da abundância de matérias-primas valiosas que eles podem conter.
A exportação em massa de bens de segunda mão em fim da vida. Mas também dos resíduos dos países consumidores para áreas geográficas que exigem produtos de segunda mão. Onde a eliminação de resíduos é negociada a um custo menor, é ainda mais problemática e expõe os países receptores a perturbações. O problema é agravado porque os países que recebem os resíduos não têm necessariamente a infraestrutura ou a legislação para reciclá-los ou destruí-los adequadamente. Acabamos assim com milhares de toneladas de produtos que ainda podem ser usados, destruídos e não reciclados adequadamente.