Em Portugal e em outros países industrializados, o lixo eletrônico representa entre 20 e 50 milhões de toneladas de REEE (Resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos) por ano.
Os REEE contêm materiais altamente poluentes para os solos. Como metais pesados, compostos orgânicos cuja combustão é cancerígena e, às vezes, gases que podem ser extremamente prejudiciais ao meio ambiente.
Este resíduo é composto de materiais poluentes, mas também de materiais valiosos. De fato, estima-se que todos os anos, centenas de milhões de dispositivos eletrônicos ainda em funcionamento sejam descartados ou esquecidos numa gaveta.
Em 2017, haveria na Europa mais de 100 milhões de telemóveis não utilizados. Muitos desses dispositivos ainda podendo ser usados ou colocados à venda.
A reciclagem de lixo eletrônico oferece importantes possibilidades em termos de disponibilidade de matérias-primas secundárias no mercado. É por isso que a União Europeia adotou uma diretiva (2012/19/UE) sobre resíduos eletrônicos. Reduzir o desperdício de recursos naturais e prevenir a poluição digital.
Menos desperdício para tratar também significa menos CO2 associado à sua coleta, incineração ou armazenamento de resíduos. Em resumo, significa também desenvolver a autonomia e responsabilidade em relação aos resíduos que produzimos.
Definição e diferentes categorias de resíduos eletrônicos (REEE)
Os resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos (REEE) são uma categoria de resíduos, consistindo em equipamentos em fim de vida que operam com campos elétricos ou eletromagnéticos. Esses dispositivos foram projetados para uso com uma tensão que não exceda 1000 voltos CA e 1500 voltos DC. Em cada produto, são afixadas desde 13 de agosto de 2005, a identificação do seu produtor e o pictograma do "caixote riscado", que mostra que esse produto é objeto de uma coleta seletiva (norma EN 50419).
Seguindo a diretiva da UE, o lixo eletrônico se divide nas sete categorias de equipamentos a seguir :
- Equipamento de troca térmica
- Ecrãs, monitores e equipamentos, incluindo telas
- lâmpadas
- Equipamento grande
- Equipamento pequeno
- Pequenos equipamentos de informática e telecomunicações
- Painéis fotovoltaicos
Como reciclar os dispositivos eletrônicos ?
Primeiro, lembre-se sempre de que o melhor resíduo é aquele que não é produzido! Portanto, antes de comprar, pergunte sempre se essa compra é realmente necessária. Se sim, o dispositivo eletrônico do qual deseja se separar ainda funciona ?
Antes de reciclar, pode revendê-lo, o oferecer a amigos ou até mesmo a uma associação para pessoas necessitadas. Também pode ir a um Repair'Café, workshops organizados a nível local dedicados ao reparo. Ai podemos reparar um objeto, auxiliado por voluntários e ferramentas disponibilizadas gratuitamente.
E se realmente o seu dispositivo estiver definitivamente estragado, poderá optar pela reciclagem e levar o objeto a um ponto de coleta autorizado.
Observe também que as empresas têm uma obrigação legal de recuperar os seus equipamentos fora de serviço quando entregam novos.
Como funciona a reciclagem de objetos eletrônicos ?
O lixo eletrônico é coletado, classificado e os seus componentes separados por material: plástico, metais, etc. Os componentes recicláveis podem, assim, experimentar uma segunda vida através da reciclagem. Às vezes, os dispositivos são reparados e os restos são reciclados. São necessários de 4 a 5 dispositivos do mesmo modelo para produzir um novo, porque geralmente apenas alguns componentes intactos conseguem ser recuperados na carcaça do dispositivo.
A reciclagem é primeiro feita à mão e depois mecanicamente. Os pequenos aparelhos são esmagados em pedaços pequenos. Esses fragmentos são então classificados e depois reformulados de acordo com sua natureza. Alguns dispositivos, como frigoríficos, precisam ser tratados separadamente. Eles podem efetivamente ser muito prejudiciais ao meio ambiente porque contêm gases. Para se ter uma idéia, lembre-se de que uma unidade central pode ser reciclada a 98%, um ecrã catódico a 80%, uma maquina de lavar a 90%.
Os restos são frequentemente enviados para a Ásia ou África, onde existe um mercado para eles. Mas também apresenta grandes problemas de gestão de resíduos para os países que os recebem. Como podemos ver aqui nesta reportagem da BBC News:
Por que vender ou comprar um dispositivo recondicionado ?
A fabricação de dispositivos eletrônicos requer uma grande quantidade de energia e matérias-primas. Metais preciosos (cobalto, estanho, ouro e tântalo) são utilizados para a sua produção. O cobalto, por exemplo, essencial para as baterias de lítio dos smartphones, é extraído no Congo. País onde a construção e a exploração de minas têm sérias consequências para os seres humanos e para o meio ambiente.
A compra de equipamentos recondicionados ou usados é uma alternativa real à obsolescência programada e à produção em massa de novos dispositivos. Um dispositivo recondicionado pode custar até 30% menos que o novo.
Outra vantagem é dar nova vida aos dispositivos ainda em funcionamento que acabariam no lixo ou no fundo de uma gaveta. Além disso, ao comprar ou vender equipamentos usados, participamos da reciclagem de componentes eletrônicos, que exigem uma grande quantidade de energia e matérias-primas para sua fabricação.