Encontram-se agora na maioria das grandes cidades à volta do mundo. As trotinetes eléctricas de livre serviço, apresentadas pelos seus operadores como uma alternativa ecológica para a micro-mobilidade. Na verdade, elas não são tão ecológicas.
É verdade que 40% das viagens de carro são feitas em percursos inferiores a 3 km. Por isso, a trotinete elétrica pode, à primeira vista, ser considerada uma solução prática, ágil e simples para viagens urbanas. Sobretudo para a famoso ultimo quilómetro.
No entanto, de acordo com um estudo produzido pela Universidade da Carolina do Norte, a realidade das trotinetes elétricas de livre serviço é bem diferente.
Porquê usar uma trotinete eléctrica? Como viajar de uma forma amiga do ambiente? Devemos usar Veículos partilhados? Quais são as tendências na mobilidade urbana do futuro? Para responder a todas estas perguntas, escrevi este artigo.
Porquê usar uma trotinete eléctrica ?
Existem várias razões pelas quais você pode querer usar uma trotinete elétrica. Primeiro, há o argumento ecológico. Com efeito, a trotinete eléctrica não polui, e é menos cansativa e mais rápida que uma trotinete convencional.
Em comparação com as bicicletas, as trotinetes eléctricas são menos perigosas porque não circulam na estrada e, por isso, o risco de colisão com outro veículo é muito reduzido.
Além disso, a trotinete elétrica é mais versátil e mais rápida porque permite tomar caminhos mais diretos, pelo menos em curtas distâncias. Claro que tudo depende da rota em questão.
A trotinete também é caracterizada pela sua relativa leveza e compacidade, especialmente porque muitos modelos podem ser dobrados. Estas características tornam mais fácil para o usuário arrumar a trotinete e evitar que ela fique na rua.
Isto reduz o risco de vandalismo e roubo. Da mesma forma, pode levar a trotinete consigo na maioria dos transportes públicos sem perturbar os outros passageiros.
Também é importante notar os baixos e raros custos de manutenção da trotinete, onde uma bicicleta é muitas vezes mais cara.
Finalmente, a trotinete elétrica é divertida de conduzir e lembra-nos da nossa parte da infância. Também é muito fácil de usar, uma vez que não requer qualquer formação específica.
Quais são as tendências na mobilidade do futuro ?
Em termos de mobilidade, quatro grandes tendências estão hoje a surgir. E as deslocações urbanas do futuro serão :
- PLURAL – Meios de transporte combinados para se mover melhor
- INTELLIGENTE – Os Dados para facilitar as viagens
- PARTILHADO - Car-pooling, livre serviço, aluguer entre particulares
- ELÉCTRICO - Meios de transporte limpos, silenciosos e facilmente recarregáveis.
Trotinetes elétricas compartilhadas: São realmente ecológicas ?
Pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte destacaram vários fatores que eles acreditam que tornam as trotinetes elétricas de livre serviço não tão ecológicas quanto se poderia pensar.
Baterias de lítio
Em primeiro lugar, há a questão das baterias de lítio. Na verdade, como qualquer outro objeto recarregável hoje, as trotinetes elétricas também funcionam com baterias de lítio. Um mineral cuja extracção é extremamente intensiva em energia e água.
Por enquanto, a reciclagem de lítio ainda está a lutar para descolar devido a vários fatores :
- as taxas de coleta para baterias contendo lítio ainda são baixas,
- os custos de reciclagem elevados em comparação com os custos de produção.
Hoje em dia, os cientistas ainda estão a tentar desenvolver processos de reciclagem mais baratos. Com o desenvolvimento planeado dos automóveis eléctricos, espera-se que, a curto prazo, as baterias de lítio deixem de ser um problema. Assim, os defensores dos combustíveis fósseis deixarão de poder utilizar este argumento para defender que os veículos eléctricos não são mais sustentáveis do que os motores de combustão.
Uma recarga poluente
Na minha opinião, o maior problema das trotinetes elétricas de livre serviço é como elas são recarregadas. Com efeito, uma vez que os operadores não instalam estações de carregamento, utilizam os chamados "juicers". Autoempreendedores que percorrem as ruas à noite em busca de trotinetes para recarregar. A fim de libertá-las cedo no dia seguinte carregados, na maioria das vezes usando carrinhas ou veículos a diesel. De acordo com o estudo realizado na cidade de Raleigh, nos Estados Unidos, 4,6% das trotinetes recarregadas ainda tinham a bateria cheia! Desta forma, a carga representa um total de 43% do custo ecológico da trotinete compartilhada.
Uma vida útil limitada
Por fim, as trotinetes de livre serviço têm uma vida útil muito limitada. Segundo a revista Quartz, que estudou dados de 129 trotinetes elétricas compartilhadas da "Bird" em Louisville, Kentucky. A sua esperança média de vida útil é de 28,8 dias! E apenas 7 dos 129 veículos duraram mais de 60 dias. Isto deve-se principalmente ao vandalismo e ao facto de as trotinetes serem maltratadas pelos utilizadores. Isso tudo faz com que as trotinetes elétricas compartilhadas sejam um meio de transporte insustentável.
Como se deslocar de forma ecológica ?
A boa notícia é que a trotinete eléctrica continua a ser mais amiga do ambiente do que viajar de carro! Com efeito, estima-se que o consumo de um automóvel, por si só, representa 414g de CO2 para 1,6 km. Com a sua própria trotinete elétrica, carregada apenas quando vazia e mantida em circulação por pelo menos 2 anos, este número cairia para menos de 140g.
No entanto, viajar de transportes públicos, de bicicleta ou a pé, continua a ser o meio de transporte mais ecológico. Andar a pé ou de bicicleta tem até a vantagem de o obrigar a fazer exercício!